HISTÓRIA DO PRÓ-MEMÓRIA
A
Associação Pró-Memória de
Sumaré é uma entidade sem fins lucrativos
que tem como focos principais a preservação,
conservação e divulgação da
história da cidade. Realiza um amplo trabalho com
estudantes, professores, pesquisadores e a comunidade
em geral para fomentar o conhecimento e a pesquisa de
todos os aspectos históricos do Município
de Sumaré.
Promove exposições públicas com documentos,
fotografias e palestras em escolas, comunidades de bairro
e empresas.
A entidade foi fundada em 14 de janeiro de 2004 e conta
com um acervo formado por documentos, fotografias e objetos
pertencentes a famílias, autoridades e Poder Público.
Possui um valioso acervo fotográfico, a maioria
delas digitalizadas e identificadas, que ultrapassa a
soma de 8.000 unidades.
Há centenas de documentos históricos, dentre
eles o abaixo-assinado para emancipação
de Rebouças, relatórios da Companhia Paulista
de Estrada de Ferro à época de sua inauguração,
cadernos e textos que revelam a movimentação
da Câmara de Vereadores desde sua instituição.
Há também estudos sobre o crescimento do
Município de vários autores e exemplares
de vários jornais, desde 1940, além de livros
de Campinas, Sumaré e Região Metropolitana
de Campinas.
A entidade mantém um acervo de livros, teses e
publicações em geral de Sumaré e
Região, sobre Cultura, Política e História.
Há livros, Cds e DVs à venda, cujos recursos
são revertidos para a manutenção
e expansão das atividades.
O atendimento ao público é diferenciado.
Os historiadores da entidade colocam-se à disposição
dos interessados para esclarecimentos de dúvidas.
A Pró- Memória conta com o apoio institucional
da Prefeitura
e Câmara de Vereadores. É mantida por associados
e comunidade além de patrocinadores culturais.
Mantém, desde sua fundação, uma publicação
dominical com textos e fotografias no Jornal Tribuna Liberal.
Seu atual presidente é o historiador Francisco
Antonio de Toledo, que tem três livros publicados
sobre a cidade.
A Pró-Memória atende gratuitamente toda
a
população de segunda a sexta-feira, das
8 às 17h30 na Rua Antonio de Carvalho, nº.
44 (sala 14).
ASSOCIAÇÃO PRÓ
– MEMÓRIA DE SUMARÉ
Fundada em 14 01 2004 – Entidade sem fins lucrativos
– Sumaré (SP)
Rua Antonio de Carvalho 44 Sala 14 – Centro –
Sumaré (SP) - Cep 13170 – 220
CGC: 07.136.964/0001- 00
ROTEIRO HISTÓRICO-TURÍSTICO DE SUMARÉ
1. Ribeirão Quilombo
A informação mais antiga que se tem
sobre Sumaré refere-se ao Ribeirão Quilombo.
Um documento de 1799 fala sobre esse curso d´agua.
Nas escrituras das antigas sesmarias e fazendas desta
região, o Ribeirão Quilombo servia como
referência geográfica: “perto do ribeirão
Quilombo”, “terras cortadas pelo ribeirão
Quilombo”,”faz divisa com o ribeirão
Quilombo” etc. Todas as terras banhadas por esse
ribeirão eram denominadas região do Quilombo”,
ou simplesmente Quilombo.
Ele nasce no município de Campinas, nas terras
do Quartel, atravessa a Rodovia Anhanguera, passa por
Nova Veneza, depois pela cidade de Sumaré, Nova
Odessa, Americana e deságua no rio Piracicaba.
Até nos anos 50 o Quilombo era limpo e tinha muito
peixe. Os meninos de Sumaré nadavam em suas águas
e as mulheres aí lavavam a roupa de casa.
A palavra Quilombo lembra um grupo de escravos fugidos
da opressão da senzala. Não se tem certeza
se este ribeirão se chama Quilombo por ter existido
algum reduto de negros em suas margens. Quilombo era um
topônimo muito comum em todo o Brasil.
Sabe-se que os viajantes do Brasil antigo paravam à
noite para fazerem sua refeição e dar bom
pasto aos seus animais. Onde hoje está a cidade
de Sumaré era o cruzamento de rotas – ou
estradas e trilhas - que ligavam Monte-Mor, Santa Bárbara,
Piracicaba, Limeira... Era natural que este local fosse
um lugar de parada. Quando se pensou na construção
da ferrovia ligando Campinas ao interior, o local escolhido
para leito da estrada-de-ferro e para a Estação,
foi a margem do Ribeirão Quilombo. Não havia
lugar mais próprio.
O Quilombo faz parte da bacia do Rio Piracicaba.
2. Estação de Rebouças
Em
1875 foi construída a Estação. Era
uma necessidade. Toda produção econômica
da região do Quilombo, incluindo as fazendas do
atual distrito de Nova Veneza, da atual Hortolândia,
da atual Taquara Branca, Cruzeiro e Nova Odessa, era escoada
pela Estação de Rebouças.
Milhares de sacas de café foram embarcadas em Rebouças
com destino ao porto de Santos, como também outros
produtos, como tijolos, carne bovina e suína, algodão,
batata, aguardente, que iam para Campinas, São
Paulo e outros centros comerciais. Pela estação
chegavam, por sua vez, ferramentas agrícolas, sal,
produtos industrializados, sem esquecer as centenas de
passageiros que embarcavam e desembarcavam diariamente,
e o correio.
O transporte de Monte-Mor para Campinas era mais fácil
e rápido via Rebouças – pela ferrovia
- do que por estrada de rodagem, que era muito precária.
A Estação foi responsável pelo crescimento
econômico de Rebouças nos seus primeiros
50 anos. O surto de produção e comércio
foi tanto que, em 1916, se precisou construir outra estação
em lugar da primeira, já pequena para atender a
demanda comercial do povoado.
Foi ao redor da Estação que a Vila de Rebouças
nasceu e cresceu. O núcleo urbano de Sumaré
é a Estação. Havia fazendas espalhadas
por toda a região, mas a cidade nasceu a partir
da Estação, com suas primeiras casas e ruas
centrais. Não é à-toa que uma das
primeiras ruas, ou a primeira rua de Sumaré, se
chamava Rua da Estação. Quem vinha dos lados
de Monte-Mor pela Rua Sete, e quem vinha dos lados do
Sertãozinho, pela velha estrada do Sertãozinho,
desembocava na Estação. Ela estava no vértice
do triângulo e para ela convergiam necessariamente
as duas antigas estradas.
3. A Igreja
A primeira capela de Sumaré foi construída
em 1889. E tinha como padroeira Sant’Ana. A data
oficial da fundação de Sumaré é
26 de julho de 1868. Essa data foi escolhida porque se
acreditava que a primeira capela tinha sido construída
nesse ano. Todavia, não existe nenhum documento
que comprove essa data.
A primeira igrejinha ficava aproximadamente onde está
hoje a estátua do Coração de Jesus,
em frente à Igreja Matriz. Em 1904 foi demolida
a primeira igreja, já pequena para abrigar o povo,
e construída outra um pouco maior ao redor da primeira.
A atual igreja Matriz foi inaugurada oficialmente em 1950,
mas concluída vários anos depois.
Até 1914 não havia um padre responsável
pelas atividades religiosas. Ele vinha de Campinas, porque
a Igreja de Sant’Ana pertencia à Paróquia
do Carmo, de Campinas. Nesse ano tornou-se paróquia
e teve o seu primeiro pároco.
A atual Igreja de Sant’Ana teve como arquiteto Benedito
Calixto de Jesus Neto, conhecido no Brasil inteiro, por
ter sido ele quem projetou a Basílica Nacional
de Nossa Senhora Aparecida. O terreno onde está
a igreja foi doado por Atílio Foffano.
4. Centro de Memória - antiga
Subprefeitura
Este
prédio é um dos mais antigos da cidade.
Foi construído em 1913, para ser a sede da Subprefeitura
de Rebouças. Rebouças era distrito de Campinas.
Em 1937 o prédio foi ampliado e adaptado para moradia
do fiscal.
O prédio é importante também porque
nele funcionaram a Prefeitura e a Câmara de Sumaré
de 1955 a 1964. Neste ano se transferiram para o prédio
atual na Rua Dom Barreto.
Depois de 1964 o prédio serviu para a Biblioteca
Municipal, para o Curso de Admissão ao Ginásio
Estadual, para as salas de aula do Colégio Comercial.
Durante 20 anos (1971-1990) foi o Pronto Socorro Municipal,
e de 1990 a 1996 foi o Departamento de Saúde e
Higiene. Foi tombado pelo CONDEPHAEA em 1997 e transformado
no “Centro de Memória Thomas Dedona”.
Hoje é a sede da Secretaria Municipal de Cultura.
5. Bar Paulista
Esse prédio se localiza bem no centro de Sumaré,
na esquina da Rua Sete de Setembro com a Rua Antonio Jorge
Chebabi. É o mais antigo prédio da região
central da cidade, pois foi construído em 1904.
Tem mais de 100 anos! Dizem que no terreno onde ele se
ergue havia um grande formigueiro. Seu dono, Antonio do
Valle Mello, não conseguia de maneira alguma acabar
com as formigas. Então teria dito ao amigo Atílio
Foffano que, se ele acabasse com o formigueiro, lhe daria
o terreno para construir ali um prédio. Atílio
aceitou o desafio, acabou com as formigas e construíu
o sobrado. que está de pé até hoje.
Custou 14 contos de réis. Uma fortuna na época
!
Atílio Foffano morou nele com sua família
até 1908, quando o vendeu e foi embora para a Itália.
Mais tarde retornou a Rebouças. O povo chamava
o prédio de Sobradão do Atílio, e
o nome atravessou décadas. No andar térreo
funcionou, durante muitos anos um bar, que foi passando
de um proprietário para outro. Mas, o nome do bar
nunca mudou. Chamava-se Bar Paulista. Até hoje
o prédio é chamado assim.
Nos anos 70, o prédio foi comprado pelo Clube Recreativo
Sumaré e se transformou num belo espaço
de lazer, incorporado à velha sede do Recreativo,
que ficava ali do lado. Desativado alguns anos depois,
o Clube esteve prestes a vendê-lo a uma grande empresa
comercial que iria derrubá-lo. A população
se mobilizou, e a Justiça acabou sustando a venda,
por se tratar de um monumento histórico, que deverá
ser tombado como patrimônio da cidade.
6. Casarão do Sertãozinho
Fica
no fim da Rua Marcelo Pedroni. Chama-se assim porque foi
a sede da antiga Fazenda Sertãozinho, que tinha
mais de 200 alqueires. Hoje o casarão faz parte
do Condomínio “Parque da Floresta”.
O casarão foi construído por volta de 1870,
no tempo da escravidão, no tempo da grande produção
cafeeira da região de Campinas. Segundo um especialista
no assunto, trata-se de um casarão com caracteristicas
arquitetônicas singulares, apesar das linhas simples.
Tem quase 300 metros de construção muito
bem feita, “construída com tijolos, forrada
e assoalhada”, como diz uma escritura de 1880. Embutidos
na parede havia finos tubos de cobre, por onde circulava
gás para alimentar lampeões, nos vários
cômodos da casa. Em frente ao casarão havia
um grande terreiro tijolado para secar café, e
atrás havia um belo pomar cheio de árvores
frutíferas. A água para consumo doméstico
e para os animais vinha, por baixo da terra, de uma nascente
situada na parte alta do terreno.
Parece improvável que houvesse escravos no sítio
Sertãozinho, pois a escritura de 1880 se refere
à venda de uma “casa de morada, casa de empregados,
serra, máquina de algodão movida a vapor
e outras benfeitorias”. Se houvesse escravos, o
texto certamente falaria deles, pois era comum os escravos
serem vendidos junto com a propriedade, e isso constava
na escritura de venda. Não se fala também
de senzala, que sempre era nomeada no documento de compra
e venda, quando havia.
BREVE HISTÓRIA DE SUMARÉ
A SESMARIA ONDE NASCEU SUMARÉ
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, em 1500,
só tinham uma preocupação: produzir
mercadorias para o mercado europeu e encontrar ouro. Naquela
época, uma das mercadorias mais caras do mundo
era o açúcar. Como no Brasil havia muita
terra e pouca gente para trabalhar, e como ninguém
queria vir para o Brasil, o rei de Portugal dividiu o
país em grandes porções de terra,
chamadas capitanias e as deu aos seus amigos para cuidarem
delas, plantarem e produzirem. Esses homens eram chamados
donatários ou capitães.
O donatário, por sua vez, podia doar terras a seus
amigos, e essas terras eram chamadas sesmarias. Uma sesmaria
chegava a ter até 6,2 mil alqueires de terra. Um
alqueire paulista mede 24 mil metros quadrados. Era muita
terra!
O costume de doar sesmarias durou até 1822, ano
da independência do Brasil. Quando a sesmaria era
doada a alguém, fazia-se uma escritura, que era
guardada para documentar essa doação.
É justamente nesse documento, chamado Carta de
Sesmaria, que está a primeira referência
ao Ribeirão Quilombo, o curso de água que
atravessa Sumaré até os dia de hoje, e em
cujas margens nasceu a cidade. Essa sesmaria foi doada
em 1799. Esse é, até agora, o documento
mais antigo da história de Sumaré.
Nessa época, já existia a cidade de Campinas,
que em 1797 tinha 2 mil habitantes. O Brasil ainda era
colônia de Portugal.
AS FAZENDAS
O progresso caminhava da Vila de São Paulo, hoje
capital do Estado, para o interior paulista, seguindo
as trilhas dos bandeirantes e dos tropeiros. Chegou até
Jundiaí, depois Campinas, onde se criava gado,
se produzia açúcar, arroz, feijão,
milho... Na própria região do Quilombo houve
várias sesmarias. Região do Quilombo era
formada por todas as terras próximas do Ribeirão
Quilombo, de Campinas até Americana atual. Quando
o dono de uma sesmaria falecia, ela era dividida em fazendas
entre seus herdeiros. As fazendas mais antigas de Sumaré
têm essa origem, como, por exemplo, as fazendas
Candelária, Palmeiras, São Francisco, Quilombo,
Paraizo, Sertãozinho e outras.
Aí pelos anos de 1850, as fazendas da região
de Campinas (hoje Barão Geraldo, Betel, Joaquim
Egídio, Valinhos, Paulínia, Sumaré
e outras) produziam muito café. Era a região
mais produtora de café do Brasil.
Nas fazendas, quase todo o trabalho era feito pelos escravos,
embora houvesse também trabalhadores livres, geralmente
imigrantes.
Milhares e milhares de sacas de café eram colhidas
e transportadas até ao porto de Santos para serem
exportadas. Tudo era transportado em lombo de burro naquele
tempo. Eram tropas de cem ou mais bestas, que demoravam
quinze dias para chegar ao destino.
Em 1872 foi inaugurada a Estação Ferroviária
de Campinas, ligando-a ao porto de Santos. O transporte
das mercadorias ficou mais fácil e barato.Os cafeicultores
ficaram felizes. Passaram a ganhar muito mais dinheiro.
Foi então que os fazendeiros de Rio Claro, Santa
Bárbara, Limeira, Piracicaba e região resolveram
construir também eles uma ferrovia que passasse
perto de suas fazendas, para transportar o café.
Assim, em 1875, foi inaugurado o primeiro trecho da ferrovia
Campinas-Santa Bábara d’Oeste, que depois
chegou até Rio Claro.
Entre Campinas e Santa Bárbara a Companhia Paulista
construíu uma estação, que foi chamada
Estação de Rebouças. Era o ano de
1875. Esse nome foi dado em homenagem ao engenheiro responsável
pela construção da ferrovia, Antonio Pereira
Rebouças Filho, que tinha morrido no ano anterior,
quando trabalhava na construção da estrada.
Ele era um engenheiro negro, com cursos na Europa, e famoso
por suas obras de engenharia no Rio de Janeiro, junto
com seu irmão André. Nesse tempo, o Brasil
era Império e quem governava era Dom Pedro II,
que esteve presente na inauguração da ferrovia,
e passou por aqui.
Ao redor da estação foram então aparecendo
algumas casas. Logo depois, as ruas e o povoado. As ruas
eram as atuais Avenida Sete de Setembro, Bandeirantes,
Antonio Jorge Chebabi e Antonio do Valle Mello. A estação
passou a ser o ponto de referência. Pessoas que
embarcavam e desembarcavam do trem; mercadoria que era
carregada e descarregada; gente que parava para ver o
trem passar. Era uma cidade que nascia. No começo
o povoado ser chamava Estação do Rebouças,
depois Vila Rebouças, depois simplesmente Rebouças.
Em 1889, no mesmo ano da proclamação da
República, foi inaugurada a primeira capela. Ela
ficava 200 metros acima da Estação, onde
hoje está a imagem do Cristo, na Praça da
República. A igreja Matriz atual foi inaugurada
em 1950, e desde o começo levou o nome de San’Ana.,
padroeira do Município.
A CIDADE CRESCE
Aos poucos Rebouças foi crescendo. Muito devagar
nas primeiras décadas. A vida era mais rural que
urbana. Os primeiros moradores eram portugueses e italianos,
ou descendentes deles. Uns moravam na vilas, outros nos
sítios ou nas fazendas próximas.
Na vila foram aparecendo armazéns de secos e molhados,
ou vendas, como eram chamados, padaria, açougue,
oficina de ferrar cavalo, máquina de beneficiar
arroz e café, fábrica de bebidas, loja de
armarinhos, farmácia.... Na zona rural havia engenhos
de pinga e açúcar, serrarias, monjolos,
moinhos de fubá, olarias, sem contar as fazendas
que produziam café, algodão e gado.
Nas fazendas havia os escravos negros, que trabalhavam
na lavoura e dentro de casa. Não havia muitos escravos
em Rebouças, porque a escravidão estava
acabando, e se começava a introduzir o trabalho
livre.
Nessa época havia uns 10 mil escravos em Campinas,
espalhados pelas fazendas de Rebouças, Jacuba,
Joaquim Egídio, Souzas, Valinhos e outras.
IMIGRANTES
Os primeiros imigrantes portugueses de Rebouças
pertenciam à família Valle Mello, Raposeiro,
Pereira, Aranha, Miranda, Teixeira, Leite, Duarte e outros.
Os imigrantes de origem italiana eram da família
Noveletto, Guidotti, Biancalana, Franceschini, Foffano,
Bosco, Basso, Breda, Montanher, Menuzzo, Ravagnani e outros.
Vieram também alguns imigrantes russos, alemães,
austríacos, espanhóis, norte-americanos
e outros.
Naquele tempo o território de Rebouças era
muito grande. Abrangia todas as terras que hoje pertencem
a Hortolândia, Nova Veneza, Matão e Nova
Odessa. Nesses lugares havia muitas fazendas e sítios.
Em Hortolândia havia a grande fazenda Terra Preta,
que hoje são os bairros Amanda I, II e III. Em
Nova Veneza, as fazendas Quilombo, São Luis, São
Bento, Barreiro; no Matão havia o Tijuco Preto;
em Nova Odessa a Fazenda Velha, o Engenho Velho e o Paraizo.
Ao redor de Rebouças, as fazendas Sertãozinho,
São Francisco, Palmeiras e outras.
Rebouças pertencia a Campinas. Mas, em 1909 tornou-se
Distrito de Paz, tendo então seu primeiro Cartório,
onde se faziam os casamentos civis e o registro de nascimento
e de óbitos. Nessa época a população
era de mais ou menos 300 pessoas. Em 1910 já havia
escola, subdelegacia de polícia, cadeia, banda
de música e subprefeitura (1913).
O prédio onde funcionava a subprefeitura existe
até hoje, pertence ao patrimônio público
e fica na Praça da República. Até
1930 Rebouças tinha menos de 1.000 habitantes,
umas 250 casas, 5 ruas e o largo da Matriz.
Antes de 1914 não havia água encanada em
Rebouças. Todas as casas tinham poço no
quintal, donde se tirava água para beber, cozinhar,
tomar banho e lavar roupa. Muitas mulheres lavavam roupa
no Ribeirão Quilombo, que a punham na grama para
coarar.
REBOUÇAS VIRA SUMARÉ
Em 1945 Rebouças mudou de nome e passou a se chamar
Sumaré. É que saíu uma lei federal
proibindo daí para frente a existência de
duas cidades com o mesmo nome. Como havia outra Rebouças
no Paraná, os moradores daqui resolveram procurar
outro nome. Sumaré é o nome de uma orquídea
amarela, com pequenas manchas marrons, muito comum na
redondeza. Hoje ela é quase desconhecida por aqui.
Até 1991 o município de Sumaré era
formado por três núcleos de povoamento: Nova
Veneza (que incluía o Matão e a Área
Cura de hoje), Hortolândia e a cidade de Sumaré.
Nova Veneza era formada por algumas fazendas muito antigas.
Depois de 1910 várias famílias de imigrantes
compraram terras nesse lugar, que logo foi se desenvolvendo.
Apareceram então escola, igreja, casas comerciais,
olaria... Em 1946 a 3 M se instalou às margens
da rodovia Anhanguera e outras empresas vieram em seguida
para Nova Veneza, atraindo muitos migrantes. A população
cresceu rapidamente. Em 1960 o bairro tinha 2.000 habitantes,
em 1970 tinha 4.000, em 1980 37.000 e em 1990 perto de
80.000.
Hortolândia se chamava antigamente Jacuba. Era um
bairro de Rebouças. Nos tempos antigos Jacuba era
passagem e parada de tropeiros ou viajantes que iam ou
vinham de Monte-Mor em direção a Santa Bárbara,
Piracicaba, passando pelo Cruzeiro.
Em 1917 foi inaugurada a Estação Ferroviária
de Jacuba. Em 1947 a vila começa a crescer por
causa da abertura do primeiro loteamento. Em 1958 ela
mudou de nome e passou a se chamar Hortolândia,
Em 1960 Hortolândia tinha 6.000 habitantes, em 1970
passou para 14.000, em 1980 para 33.000 e em 1990 para
82.000. Esse enorme crescimento se deveu à migração.
Em 1991 Hortolândia ficou independente de Sumaré,
tornando-se municipio.. Hoje tem perto de 160.000 habitantes.
Depois que Hortolândia se emancipou, a vida econômica
de Sumaré ficou prejudicada. A arrecadação
de impostos caíu muito, porque as maiores empresas
ficaram em Hortolândia. Além das antigas
indústrias, como 3 M do Brasil, Schneider, Teka
(antes Texcolor), Assef Malu, Villares (antes Eletrometal),
Sherwim Willians, nesses últimos anos têm
vindo para Sumaré várias empresas, como
a Honda, a Amanco-Fortilit, a Pastifício Selmi,
a Mercúrio, a IC Transportes, a Matis Sumaré
(hotel) e outras.
A CIDADE CRESCE: VEM GENTE DE TODO
LADO
Sumaré foi crescendo e se desenvolvendo. Em 1953
ficou independente de Campinas e logo elegeu o primeiro
prefeito e os primeiros vereadores. Como muitas indústrias
vieram se instalar no município, vieram também
milhares de pessoas para Sumaré à procura
de trabalho. São os migrantes, em geral de baixa
renda, que aqui não encontraram condições
de sobrevivência. A grande explosão demográfica
dessas décadas ajuda a entender, em parte, os graves
problemas que hoje Sumaré enfrenta, sendo o principal
deles a violência. Assim, a população
da cidade, que era de 10.000 habitantes em 1960, passou
para 23.000 em l970, 101.000 em 1980 e 226.000 em 1991
(com Hortolândia). Hoje (2005) Sumaré tem
perto de 220.000 habitantes, incluindo Nova Veneza e Matão.
Sumaré continua sendo um município muito
industrializado. Quase toda a sua riqueza provém
das indústrias grandes e pequenas. Mas, até
1950, aproximadamente, a riqueza de Sumaré vinha
da lavoura e da pecuária. Aqui se produzia muito
café, milho, batata, arroz, como também
muito gado bovino, suíno, e aves. O município
produz atualmente muita cana de açúcar e
tomate, O comércio e os bancos são também
importantes para a economia local. Tradicionalmente fraco,
o comércio cresceu muito nos últimos anos,
com a chegada de grandes lojas e magazines.
HABITAÇÃO –
FAVELAS
Por causa do crescimento rápido da cidade, muitas
pessoas que vieram de fora, à margem do mercado
de trabalho, não tiveram condições
de ter casa própria ou de pagar aluguel. Foram
parar na favela. Por isso Sumaré tem hoje milhares
de favelados. Pesquisa feita em 1997 registrava a presença
de 7.108 famílias residindo em favelas, o que perfaz
um total aproximado de 28.000 favelados. A miséria
gera doença, criminalidade e violência.
QUILOMBO
O Ribeirão Quilombo nasce nas terras do Exército,
em Campinas, passa pelo bairro do Matão e pelo
bairro Maria Antonia, atravessa a rodovia Anhanguera,
passa atrás da Tema Terra e por Nova Veneza, chegando
a Sumaré. Atravessa em seguida Nova Odessa, segue
em direção de Americana e deságua
no rio Piracicaba.
Quilombo lembra um grupo de negros fugidos da escravidão.
Existiram centenas de quilombos no Brasil e em Campinas
houve também vários quilombos. É
possível que o Ribeirão Quilombo tenha esse
nome por causa de algum grupo de escravos fugidos das
fazendas vizinhas. Mas não se sabe com certeza.
Até os anos 60 o Quilombo era limpo e cheion de
peixes. Muita gente pescava nele, os meninos nadavam pelados
em suas águas, animais matavam aí sede.
Hoje ele está totalmente poluído.
PREFEITOS E VICE-PREFEITOS DE SUMARÉ
1955 - 1958
Prefeito Padre José Giordano
Vice Oreste Ongaro
1959 - 1962
Prefeito Dr. Leandro Franceschini
Vice Henrique Pedroni
1963 - 1966
Prefeito José Miranda
Vice Modesto Lanati
1967 - 1969
Prefeito João Smânio Franceschini
Vice Euclides Miranda
1970 - 1972
Prefeito Aristides Moranza
Vice Modesto Lanati
1973 - 1976
Prefeito João Smânio Franceschini
Vice Euclides Miranda
1977 - 1982
Prefeito Paulo Célio Moranza
Vice Antônio Pereira de Camargo Neto
1983 -1988
Prefeito José Denadai
Vice Roberto Cordenonsi
1989 -1992
Prefeito Paulino José Carrara
Vice Álvaro Ferreira
1993 - 1996
Prefeito José Denadai
Vice Adauto João Campo Dall’Orto
1997 - 2000
Prefeito Antonio Dirceu Dalben
Vice José Antonio Bachim
2001 - 2004
Prefeito Antonio Dirceu Dalben
Vice José Antonio Bacchim
2005...
Prefeito José Antonio Bacchim
Vice Juliano Camargo
Para completar as informações
sobre a História de Sumaré, pode-se consultar
com proveito:
TOLEDO, Francisco Antonio. Uma História de Sumaré.
Da Sesmaria à Indústria. São Paulo:
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (Imesp),1995.
________ , História da Paróquia de Sant’Ana,
Multigraf, Sumaré, 1998
________, Pedaços de História. Edição
xerografada, Sumaré, 1995.
NEGREIROS, Rovena e TEIXEIRA, Marina Piason. Município
de Sumaré, in Região Metropolitana de Campinas.
CANO,Wilson e BRANDÃO Carlos A. (org.), vol. 2,
Editora da Unicamp, 2002.